Estudo de Arquitetos e Urbanistas chama atenção para drenagem das águas na zona urbana de Teresina
4 de abril de 2018 |
Na última semana, o rompimento de um trecho da BR – 343 na zona urbana de Teresina causou estragos, trouxe prejuízos e transtornos, além de afetar diretamente a vida de dezenas de famílias. O governo federal calcula em milhões o valor necessário para recuperar o trecho da rodovia. No entanto, não é possível tratar os episódios como surpresa, uma vez que estudos produzidos por arquitetos e urbanistas já mapearam a existência de “corpos de água” e identificaram que a construção de avenidas, rodovias, casas e até o trecho de uma ferrovia contribuíram para aterrar lagoas e cursos de água em Teresina.
Os Arquitetos e Urbanistas Rômulo Marques e Thiscianne Moraes Pessoa, formados pela Universidade Federal do Piauí, são os responsáveis pelo estudo “O riacho Itararé e a urbanização da sub-bacia urbana pd11 de Teresina”, que trata especificamente sobre a região em que o trecho da BR -343 rompeu. A pesquisa orientada pela professora doutora Ana Lúcia Ribeiro, ex-conselheira e ex-vice-presidente do CAU/PI, aponta que várias construções aterraram o caminho das águas, tornando áreas de lagos em impermeáveis, o que pode trazer graves prejuízos a drenagem das águas e consequentemente, transtornos a população.
Para o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Piauí, Wellington Camarço, em meio as discussões é importante ressaltar a grande contribuição que arquitetos e urbanistas podem dar ao planejamento urbano e desenvolvimento das cidades.
Um dos responsáveis pelo estudo, Rômulo Marques chama a atenção para a necessidade da presença de arquitetos e urbanistas nas questões que envolvem a cidade. “O arquiteto precisa exigir participação nas discussões sobre a cidade que queremos, e essa questão da drenagem urbana é fundamental. A sociedade também precisa reconhecer a importância desse profissional no processo de melhoria urbana”, pontua Marques, acrescentando que arquitetos e urbanistas possuem competências muito vastas e em setores que ainda são pouco explorados.
Já Thiscianne Moraes Pessoa pontua que é fundamental compreender que projetos de arquitetura e de urbanismo geram impactos no ambiente urbano, por isso, a prática profissional do arquiteto precisa ser acompanhada de conhecimento do processo de planejamento que engloba a cidade. “Teresina atualmente passa por um processo de elaboração de um novo plano diretor. É importante que nós possamos estar envolvidos neste processo, tanto dando contribuições quanto acompanhando o que será elaborado pela Prefeitura”, diz ela, acrescentando que essa legislação vai impactar diretamente na vida do teresinense.
Thiscianne ressalta ainda que o arquiteto e urbanista tem uma responsabilidade social muito grande, porque o exercício profissional exige compreensão da cidade, e a drenagem urbana não é um problema restrito à gestão, mas de um ponto a ser abordado pelos profissionais de arquitetura e do urbanismo. Thiscianne atualmente faz mestrado em Arquitetura e Urbanismo, no Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura, da Universidade Federal da Bahia, onde estuda a gestão de águas pluviais de Teresina.