Informação e conhecimento fortalecem o trabalho das mulheres na Arquitetura e Urbanismo
8 de março de 2021 |
Mulheres representam 64% dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo no Piauí. Mesmo em ampla maioria, ainda são muitos os desafios que elas precisam enfrentar na busca por valorização profissional. A luta por equiparação salarial, mais ocupação em cargos de chefia e em espaços de decisão certamente são itens que deixam claro a necessidade de fomentar políticas que proporcionem condições de crescimento às mulheres no exercício profissional na Arquitetura e Urbanismo.
A conselheira suplente Karina Ferraz, coordenadora do Grupo de Trabalho de Gênero do CAU/PI, ressalta que as dificuldades que as mulheres enfrentam no trabalho são uma extensão das questões estruturais existentes na sociedade. Mas pra ela, cabe ao Conselho promover ações que impactem diretamente na melhoria do cenário do ambiente de atuação das mulheres na profissão.
“Uma das formas de avançarmos neste debate na profissão é garantindo a mulher o papel de empreendedora. A mulher já provou ter competência, organização e preparo para o mercado. Mas algumas barreiras precisam ser vencidas. E estes assuntos precisam ganhar nossa pauta diária, e não só em data comemorativa. Se a gente for pesquisar sobre situação de mulheres vítimas de machismo e desrespeito, quantas histórias vão sair. Então levar conhecimento a todos os lugares é uma forma de sensibilizar a sociedade. A informação talvez possa modificar o cenário e ajudar fortalecer o respeito ao trabalho das mulheres arquitetas e urbanistas”, pontua.
Em relação ao mercado de trabalho, a conselheira Patrícia Mendes ressalta muitas mudanças podem ser observadas na profissão nos últimos anos, e que ainda há muito espaço a ser preenchido pelas mulheres na realidade da profissão. “Isso deve ser um esforço comum de revisão em todos os âmbitos da vida contemporânea”, pontua, acrescentando que condições igualitárias e representatividade não devem ser entendidos como privilégios, mas como condições básicas de vida e acessibilidade no trabalho. Ela cita ainda que como a Arquitetura e Urbanismo é uma área muito diversificada, com profissionais capazes de projetar desde uma mobília até um aeroporto, então, neste sentido, é preciso muita criatividade e espírito empreendedor.
O ambiente da construção civil no país é formado por diversas profissões, e grande parte delas, historicamente, com a presença de homens de diversos níveis de escolaridade. De certa forma, este cenário muitas vezes é constituído por condições que dificultam o trabalho de arquitetas e urbanistas. Para a conselheira Martha Rossielle, há ainda uma resistência dos demais profissionais da construção civil à presença de mulheres, mas é uma minoria. “Porém, é perceptível uma incredulidade no potencial técnico das arquitetas. Acredito que podemos vencer essas barreiras com consistência e persistência. O compromisso com a qualidade do produto que estamos ofertando e a motivação de oferecer o melhor ao nosso cliente e a nossa cidade fazem a diferença”, argumenta.
Para as três conselheiras, o CAU tem um papel fundamental na valorização do papel da mulher na política profissional da profissão, e as principais ações seriam no sentido de discutir a produção feminina no setor; a discussão sobre espaços urbanos pensados por e para as mulheres; além de proporcionar trocas de experiências profissionais entre arquitetas de diferentes gerações. Todas essas questão já estão no planejamento do Grupo de Trabalho de Gênero do CAU/PI.
Mais depoimentos!
Clarissa Borges – Conselheira Suplente do CAU/PI
“De acordo com dados da última pesquisa do CAU/BR, realizada em 2019, as mulheres representam 64% dos profissionais arquitetos. Apesar dos números favoráveis, ainda enfrentamos uma realidade de mercado pouco promissora especialmente no que se refere à equiparação salarial em funções similares e ocupação de cargos de liderança, entre outros. Para uma mudança nesse cenário, torna-se necessário reafirmarmos o nosso papel, abrindo canais de diálogo para construção de possíveis mecanismos de proteção e valorização do trabalho feminino na arquitetura.”
Adriana Araújo – Conselheira Suplente do CAU/PI
“Apesar da grande maioria serem mulheres registradas no Conselho de Arquitetura, o número maior de prêmios e reconhecimento profissional cabe aos homens. Isso não é indicativo de falta de competência das profissionais mulheres, mas sim reflexo das noções machistas que permeiam a sociedade como um todo. Ainda que muito tenha ocorrido desde que me formei, o cenário com que as mulheres da área se deparam não mudou muito, pois, antes que se possa falar da superação desse preconceito contra as mulheres na Construção Civil, precisamos olhar e trabalhar pela equidade de gênero na própria sociedade, já não é possível pensar em conquistar espaços de trabalho sem que se leve em conta a desigualdade existente entre homens e mulheres. Acredito que unindo o empoderamento feminino com uma mudança cultural concreta novos caminhos serão traçados.”