Arquitetura de prédios públicos: os desafios para inovar em ambientes que pedem discrição
6 de agosto de 2021 |
Cada projeto tem uma concepção específica e um programa de necessidades que precisa atender. No caso de prédios públicos que pertencem a importantes instituições da sociedade, o arquiteto e urbanista precisa levar em consideração características e marcas institucionais na hora de projetar. Pontos como orçamento, legislação interna e normas legais precisam ser atendidas de forma bastante criteriosa, assim como o planejamento sobre circulação e definição de espaços para atendimento a sociedade.
“Um órgão do Poder Público sempre será um concentrador de público. Essa preocupação sempre terá que ser prioritária. Pois a Arquitetura ao mesmo tempo que deve ser voltada para garantir conforto e eficiência aos servidores, ela também precisa acolher o visitante, o público, tendo em visto que as instituições pertencem a própria sociedade”, explica Sanderland Ribeiro, arquiteto e urbanista que compõe o quadro técnico do Tribunal de Justiça do Piauí.
Adriano Melo, arquiteto e urbanista responsável por vários projetos de prédios públicos, ressalta que o cliente, seja ele o público ou o privado, tem uma demanda que precisa ser atendida. “A grande diferença é que no projeto público o escopo já está definido em um programa publicado e o arquiteto tem pouca oportunidade de modificar o pré-definido”, pontu. No entanto, ele ressalta que “na construção de Projeto de Arquitetura pública há sempre a oportunidade da realização, assim como uma página de história, um marco, um emblema na cidade, aí encontra-se a criatividade do traço da Arte na escrita da história urbana de um povo, o Arquiteto é o grande responsável pela história das civilizações”, diz.
Algumas instituições já possuem manuais que definem questões de dimensão dos ambientes e outras flexibilizam as características. Órgãos de instituições de classe tendem a garantir a presença de cores mais vivas, já o Poder Judiciário pode inovar, mas sempre mantendo a discrição, seriedade e a liturgia do setor.
Sanderland Ribeiro e Adriano Melo lembram ainda que no poder público há uma necessidade de diálogo constante com gestores e toda a equipe de técnicos dos órgãos proprietários da obra, assim como demais agentes envolvidos na construção. “No caso da elaboração e execução do projeto de um órgão público, é essencial conversar com todo mundo e acompanhar bem de perto os processos construtivos. Normalmente são vários gestores, equipes compostas por várias profissionais e tudo precisa ser bem dialogado, bem explicado”, argumentam.