“Cidade: Substantivo Feminino” apresenta diagnóstico e propostas para tornar cidades mais inclusivas
29 de outubro de 2021 |
Iluminação pública precária, paradas de ônibus em locais ermos, descumprimento à lei de calçadas, todos estas questões afetam a segurança e a acessibilidade de todos os cidadãos, mas as mulheres são ainda mais prejudicadas quando os municípios não oferecem um cenário seguro, e impedem que elas vivenciem a cidade.
Durante a realização do “Cidade: Substantivo Feminino”, promovido pelo CAU/PI, duas mesas redondas debateram a temática e além do diagnóstico sobre os desafios para se pensar cidades mais inclusivas para as mulheres, foram apresentadas propostas que podem ajudar a garantir que as cidades se tornem mais acessíveis.
Thiscianne Pessoa, mestre em Arquitetura e Urbanismo, ressaltou que um dos pontos que precisam ser levados em consideração é o diálogo com a comunidade para identificar quais os caminhos as mulheres percorrem nos centros urbanos e planejar a implantação de equipamentos públicos de acordo com a necessidade e a demanda das pessoas. “Se a mulher trabalha no centro da cidade e antes precisa deixar o filho em uma creche, será se ela prefere a creche próxima de casa ou do trabalho? O que é mais cômodo, seguro e confortável pra ela? É ouvindo as pessoas e entendendo as demandas que se faz planejamento urbano”, discorre.
Adriana Araújo, conselheira do CAU/PI que fez a mediação da mesa redonda Cidade: Substantivo Feminino, lembrou do impacto da segurança pública na vida das mulheres. “Se uma rua está escura, a mulher nem sai de casa. Se a parada de ônibus está em um local ermo, ela nem vai descer ali. Então nestes casos a mulher está impedida de vivenciar a cidade”, explica.
A mesa redonda ainda contou com a presença da vice-presidente do CAU/BR, Daniela Sarmento, autora do livro Lugares das Mulheres e da jornalista Carla Cleia, que também bacharela em direito e acadêmica de psicologia.
Daniela Sarmento ressaltou a importância das mulheres participarem de forma mais efetiva da discussão sobre qual o modelo de cidades que queremos. “Apesar de ser um substantivo feminino, as cidades historicamente foram pensadas para atender demandas prioritária dos homens. Na contemporaneidade, precisamos buscar e consolidar nossa participação no planejamento. É isso que vai tornar as cidades mais seguras e inclusivas para nós”, pontuou.
Cadeirante, Carla Cléia citou as reivindicações do segmento para que as cidades se tornem mais acessíveis com ações que vão desde o planejamento de praças e parques, até o cumprimento da lei das calçadas, e a acessibilidade em restaurantes, igrejas, teatros, motéis, entre outros espaços.
No turno da tarde, a segunda mesa redonda “Empreendedorismo Feminino. O que é ser Arquiteta e Urbanista”, foi mediada pela conselheira Sheyla Nogueira, que abordou as dificuldades que as mulheres enfrentam para conseguirem espaço no mercado de trabalhou e ouviu profissionais experientes, como Ana Márcia Moura e Laline Mendes, e a acadêmica Hannah Rossi, que atua na área da pesquisa científica.
Ana Márcia Moura está no mercado há 36 anos e ressaltou os desafios para a mulher conseguir inclusão no mercado da construção civil, historicamente com uma presença bem maior de homens. “Muitas vezes precisamos demonstrar muita segurança e responder a altura para que tivéssemos nosso trabalho respeitado. Isso acontece ainda hoje, imagine na década de 80 e nos anos 90. Então é preciso seguir discutindo este assunto e fortalecendo as mulheres por meio do exemplo e do conhecimento”, argumenta.
Laline Mendes afirmou que com o passar do tempo, também vão surgindo novos desafios no mercado e que a qualificação profissional é essencial para tornar a mulher mais respeitada no ambiente de trabalho. Ela também falou da importância do olhar social que a Arquitetura e Urbanismo precisa protagonizar para alcançar um público cada vez mais diverso.
Por fim, Hannah Rossi lembrou que as mulheres são maioria na Arquitetura e Urbanismo, tanto na profissão quanto nas faculdades, mas toda a bibliografia da área reúne mais obras de homens e que isso precisa ser reformulado.
Ao final do evento, o presidente Wellington Camarço agradeceu a todos os participantes, funcionários e em especial as conselheiras mulheres do CAU/PI, Karina Ferraz, Adriana Araújo, Patrícia Mendes e Sheyla Nogueira pela organização do evento, que contou com o patrocínio da Leinertez, Argo, Roca, Luxx, Master Saúde, Resolve Soluções, Perséphone, Nosso Xodó Cestas e Mag10 consultoria.