A Bioconstrução como instrumento que liga a Arquitetura e Urbanismo à Sustentabilidade
3 de junho de 2022 |
Desenvolver projetos sustentáveis é uma missão do Arquitetura e Urbanismo e uma pauta cada vez mais presente na agenda da sociedade. Neste dia mundial do meio ambiente, ressaltamos o papel da bioconstrução, técnicas que leva em consideração aspectos que culminam na prática de redução e reutilização de resíduos, fazendo uso de sistemas construtivos e materiais que respeitam o meio ambiente e causam impactos bem menores que a construção convencional.
Muito além das técnicas de construção com terra, a bioconstrução também se preocupa com o conforto térmico da edificação, com a saúde das pessoas que utilizam o espaço construído, e leva em conta o melhor aproveitamento da iluminação e ventilação naturais, e o próprio sistema de reutilização de água e tratamento de esgoto.
Para a arquiteta e urbanista Marília Vasconcelos, que há 5 anos trabalha e estuda técnicas de bioconstrução, a arquitetura deve priorizar o cuidado com o meio ambiente e com as pessoas, “projetando e construindo de forma mais responsável através de técnicas que geram menos impacto e proporcionam boa qualidade de vida aos seus usuários, utilizando materiais naturais, reduzindo os resíduos gerados e o consumo energético, sempre planejando o uso e tratamento de água, com melhor aproveitamento das condições climáticas locais e tratamento de esgoto”, pontua.
Bioconstrução enfrenta desafios para se tornar mais acessível à população
Marília Vasconcelos ressalta que apesar das conquistas nos últimos anos quanto a disseminação de informações e técnicas da bioconstrução na sociedade, muitos desafios ainda precisam ser enfrentados para tornar tal modelo de construção um tema mais difundido na sociedade. Para ela, há um certo preconceito em relação às técnicas, muitas vezes confundida como uma construção rústica ou rural, quando na verdade pode adaptar-se a vários estilos arquitetônicos dependendo do seu acabamento final.
“Também há a falta de profissionais da Arquitetura e Engenharia interessados em aprender, aprofundar e aplicar os conhecimentos. Há uma falta de mão de obra especializada e uma certa resistência dos que já estão acostumados a construir de forma convencional. Muitas técnicas e materiais também não possuem ainda normas”, especifica Marília, acrescentando que também há uma divulgação errada de que a bioconstrução é sempre mais barato. “Não é uma regra. Mas cria-se uma expectativa no cliente que muitas vezes procura este modelo pelo possível baixo custo, sem a consciência real da importância de técnicas mais sustentáveis”, conclui.
Benefícios e caminho para especialização
Marília Vasconcelos destaca que dentre os benefícios da bioconstrução, há as condições de proporcionar a sociedade construções mais saudáveis, cidades limpas e verdes, habitat naturais em equilíbrio, além de uma série de fatores que colaboram com a sustentabilidade.
Já para o profissional que quer seguir nesta área, atualmente é mais fácil encontrar cursos e vídeos online para adquirir o básico da bioconstrução. “Mas nada substitui a prática. O universo da bioconstrução é aberto a novos buscadores e existem muitos profissionais no Brasil e exterior com obras abertas para vivências e programas de aprendizes. Conhecer uma obra de bioconstrução de perto, acompanhar seu desenvolvimento, estudar através das normas já existentes, livros e artigos, desenvolver testes com universidades, fazer experimentos, participar dos congressos de arquitetura e construção com terra. Tudo isso fornece maior confiança no profissional interessado em aplicar as técnicas”, conclui.
Abaixo, o link de uma matéria do Instituto de Permacultura sobre 7 técnicas de bioconstrução para fazer uma casa ecológica.