“O desenho na habitação indígena é simples e eles têm muito a ensinar sobre conforto térmico”
19 de abril de 2024 |
A cultura indígena é rica e tem muito a ensinar e inspirar diversas áreas profissionais. No caso da Arquitetura, o arquiteto e urbanista José Afonso Botura Portocarrero se destaca como um dos principais pesquisadores do modelo de habitação indígena brasileiro e defende que ainda há muito o que se pesquisar sobre o tema, e principalmente, que profissionais brasileiros se inspirem cada vez mais no desenho simples e no conforto térmico que as construções indígenas garantem.
“Eduardo Neira Alva ensina que o desenho é a mais suave das tecnologias. É preciso dizer que os indígenas usaram esse desenho a favor do conforto das habitações. Nas primeiras visitas às habitações indígenas eu não conseguia enxergar isso, mas depois observei que este desenho simples é tecnologia. E ele pode estar convivendo com o mundo contemporâneo. A cobertura e a parede são a mesma coisa, ogival. Um exemplo é que uma camada de palha pode ser substituída por camadas de concreto, isso a gente conseguiu reproduzir e gerou uma diferença de temperatura enorme. Um conforto gigante”, explicou Botura Portocarrero, incentivando estudantes e profissionais de Arquitetura a se debruçarem sobre outros estudos como entradas de iluminação e ventilação, pé direito alto e o próprio desenho ogival das construções indígenas.
O arquiteto e urbanista ressalta também, que a palha, elemento tão importante nas construções rurais do Brasil ao longo dos séculos, também foi uma consequência do uso deste elemento pelos povos indígenas. “Os portugueses aprenderam a usar palha com os indígenas. Antes das construções de alvenaria chegarem, os portugueses aderiram à palha”, cita.