Com 50 anos de experiência, Régis Couto defende arquitetura com olhar mais social e de interesse coletivo
10 de julho de 2015 |
Neste mês de julho, apresentamos uma matéria especial com um dos arquitetos e urbanistas mais experientes do Piauí. Régis de Athayde Couto, de uma família de cinco irmãos, formou-se em 1964 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia e não esconde a admiração por dois arquitetos brasileiros, Diógenes de Almeida Rebouças e Francisco de Assis Couto dos Reis, com quem diz ter aprendido mais do que na própria faculdade de arquitetura. Régis Couto não esconde o orgulho em ter mais de 50 anos de arquitetura e urbanismo.
Couto pontua que a experiência em ter projetado e executado vários conjuntos habitacionais, e administrar um, por oito anos e meio, morando no local, o diferencia de muitos arquitetos. Foi o conjunto habitacional “Cidade do Cobre”, construida para apoio urbano-habitacional às atividades de exploração do cobre na mina Caraiba, em Jaguarari-BA. Ele pontua ainda que sua inspiração na Arquitetura Social, de interesse coletivo, vem do trabalho do arquiteto alemão, naturalizado americano, Richard Neutra.
“Na minha carreira como arquiteto sempre enveredei pela preocupação com urbanismo. Tenho muitas ligações com a habitação social. Em minha experiência com arquitetura na habitação social, enfrentamos desafios para viabilizar a arquitetura social, de interesse coletivo”, definiu Régis Couto sobre sua atuação profissional. O arquiteto também participou da instalação do Centro Industrial de Aratu (CIA), complexo industrial multissetorial fundado em 1967 localizado na Região Metropolitana de Salvador.
Régis Couto criticou ainda o modelo atual de formação de arquitetos atualmente, segundo ele, os profissionais são formados dentro da lógica mercadológica, que cada vez mais se distancia do social. O arquiteto criticou ainda a falta de conhecimento de gestores públicos sobre urbanismo. “Quem decide, não conhece e nem quer escutar quem se preparou para executar serviços. O resultado é esse aí”, disse Couto, se referindo aos diversos problemas enfrentados pelos municípios brasileiros.
O arquiteto também disse que ao longo de sua experiência profissional tem percebido que no sistema capitalista os empreendimentos sociais realizados atualmente são para beneficiar empresas e não a população.
Régis Couto também pontuou que atualmente os municípios brasileiros não estão preparados para proporcionar qualidade de vida aos critérios de acessibilidade. “Não basta fazer rampinhas demagógicas em calçadas (passeios). Por estarem fora dos padrões, não permitem uma circulação contínua. Cada iniciativa descontinuada, particular ou não, revela desconhecimento das normas”, esclareceu o arquiteto.
Ao longo dos mais de 50 anos de exercício da arquitetura e urbanismo, Régis Couto tem dado sua contribuição efetiva para o avanço na melhoria do planejamento urbano não apenas de Salvador e da Bahia, onde tem diversos trabalhos realizados, mas também por compartilhar com estudantes e profissionais mais jovens da área, o quanto é importante o incentivo a arquitetura social, que está presente em todos os traços urbanísticos de nossas cidades.